tinha boca pra nada
[diziam à boca pequena]
logo ele, que passou a vida engolindo sapos
boca fechada
[não entra mosca]
ruminava entredentes
sentindo goela abaixo o pão que o diabo amassou
na boca do estômago incinerava cada desgosto, cada (m)urro suportado “para o seu bem(?)”
[silente] boca de trombone se fazia boca de lobo e mantinha guardadas coisas capazes de arrebentar a boca do inferno
tinha boca pra nada, caçoavam
mostrando os dentes, os bocas-mole se envenenavam, um por um, com a própria saliva
[caiu na boca do povo]
boca pra nada ruiu Roma
sem ruído
riu
e entre lábios abocanhou
[diziam no boca a boca]
boca pra nada era boca braba
não era da boca pra fora
boca aberta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário