quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

dedos se entrelaçam gentil e intencionalmente deslizam entre si as palmas se tocam e as pontas sentem texturas e temperaturas ora em si ora acolá
ora
e pede em segredo que sim mas não diz faz
de sua boca o cálice sagrado que nele guarda a melhor iguaria e o melhor veneno
mas por medo não diz faz
e faz bem
faz como ninguém
e sente por dentro
sente
dentro e ali bem ali
levanta
nuca ouriçada
por dentro estridente
mas não há quem afaste aquele cale-se
por isso volta à fonte (que sentia a segundos de distância)
quem tem o poder de conceder? quem pede? ou quem cede?
importa?
palmas silenciosas e letárgicas palmas
i need your love tonight

kneel

domingo, 14 de dezembro de 2014

Eu pranto
Tu prantas
Um sulca
Outro arrega
Semente aqui
Vênus acolá
Estiagem generalizada

Como se brota quando o mar vira sertão?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

à oceanos vistos que minha praia é o mar
de palavras
fluidas, límpidas, leves...
mas...
que derrubam castelos, que viram areia
que viram o que eu quiser
grão a grão
gota a gota
letra a letra
semeio
pranteio
de dentro pra lá no fundo
germinam
em desconhecidos desertos
passeiam
em boa companhia da atrevida menina dos olhos
que ciranda...
conduzida por dedilhares obedientes e pensamentos
que revelam
desvelam
velam
a beleza do abismo e seu som, e seu balanço, e seu mundo
miragem, viagem, de quem sonha em preto e branco
em olhos abertos e vidrados tentando desenhar em palavras aquilo que nem nome tem
arfar cadenciado, me aposso delas
fluidas, límpidas, leves... arrebatadoras
nelas o poder que lhes é investido
rebentação imprudente indecente impossível incansável insaciável
agora chove por todo lugar... foi-se o controle
respiro palavras
natural
mineral
real
certas coisas são indispensáveis para a sobrevivência