domingo, 29 de novembro de 2009



sentado na beira do muro, olhando a tropa passar, bateu continência em deboche aos que marchavam por convicção
queria criar vergonha, queria sentir-se o maioral, mas só conseguiu repetir lorotas que disseram ter ouvido no telejornal
ninguém deu atenção, nem ele
continuou a vociferar asneiras pós asneiras, cada vez mais frustrado por não se encontrar, não ser o centro daquele circo, ainda que paramentado para tal
quanto mais tentava parecer indignado, mais se mostrava ignorante, patético, querendo mudar o mundo sentado num beiral
esbravejou milhares de palavras ocas, nem uma mosca se comoveu
o bando passava e bandoleiro mais e mais se alvoroçava
ria nervoso, esticava o pescoço, tentava outra continência alegórica, última chance no pedestal...tarde demais
ano após ano era o que acontecia, por opção, estanque no mesmo posto observatório
zé povinho jamais conseguiu saber quando foi que se tornou invisível, tão pouco tentava recordar, sua meta era única: competir com o que não queria alcançar

pra que lado corre quem desistiu de andar?

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