segunda-feira, 21 de janeiro de 2013



lá vem
como pantera negra, primitiva e certeira, esguia-se por brechas
penetra e abocanha, rugindo em murmúrio
a temperatura muda, o corpo sente

entre dentro e fora não há distinção
não há escape
com autoridade, controle e precisão
a entrega é mandatória

mas não tenha medo, 
é só a noite

e a escuridão... tem hora para acabar.



domingo, 20 de janeiro de 2013



pedra.
forte
firme
segura

sentia que amarras a prendiam
então, decidida, se libertou
não precisava mais daquilo, tinha certeza!


A cada corte sentia alegria, alívio e inspirava profundamente, exalando com prazer. E assim foi desfazendo laço por laço... acompanhando à uma distância segura a lacuna que se estabelecia de forma gradativa e garantida.
Sorria satisfeita, havia alcançado seu objetivo, era livre! e sabia que a fina linha que ainda insistia relutante em retesar, logo perderia a resistência e rebentaria. Tudo corria melhor que o esperado
... menos a areia movediça. [Rá!]
Como pode estar tão obnubilada? que maldição foi essa? repetia insanamente olhando ao longe cada um dos seus vínculos desprezados se afastarem serelepes. Testa franzida, tez abatida, excomungava a-mal-di-ta-re-ia-mo-ve-di-ça! [por essa não esperava]
Sucumbia inerte, sufocada, presa e pressionada. Socorro! Tinha vontade de gritar… pra quem? às delicadas cordas com seus balõezinhos nas extremidades, que outrora eram sentidas como correntes, e que na verdade eram roldanas que contra a força da gravidade içavam para além o peso que não conseguia suportar?

Foi-se o tempo que compartilhavam suas possibilidades e eram felizes, que a força de um tensionava a de outro e cada qual parecia equilibrar suas potencialidades. Mas eis que não existe mais, tudo já não é, e os supostos opressores, quando dispensados, alçaram vôos maiores, viram novas paisagens, alcançaram outras altitudes e atmosferas, frágeis desbravadores, ouvindo que não eram mais desejados, se jogaram ao ar. De lá enxergam a pedra que, girando em volta do próprio centro, parece aconchegar-se na maciez da areia.



…só que os balões não ouviram os sons que a pedra emitiu, e assim seguiram sua jornada, crendo que cada qual havia encontrado sua direção.



[existe beleza no luto, mas não há luto sem dor]

Cada um, a seu tempo, arcou com o resultado de seus desejos.