pedra.
forte
firme
segura
sentia que amarras a prendiam
então, decidida, se libertou
não precisava mais daquilo, tinha certeza!
A cada corte sentia alegria, alívio e inspirava profundamente, exalando com prazer. E assim foi desfazendo laço por laço... acompanhando à uma distância
segura a lacuna que se estabelecia de forma gradativa e garantida.
Sorria satisfeita, havia alcançado seu objetivo, era livre! e sabia que a fina linha que ainda
insistia relutante em retesar, logo perderia a resistência e rebentaria. Tudo corria melhor que o esperado
... menos a areia movediça. [Rá!]
Como pode estar tão obnubilada? que maldição foi essa? repetia insanamente olhando ao longe cada um dos seus vínculos desprezados se afastarem serelepes. Testa franzida, tez abatida, excomungava
a-mal-di-ta-re-ia-mo-ve-di-ça! [por essa não esperava]
Sucumbia inerte, sufocada, presa e
pressionada. Socorro! Tinha vontade de gritar… pra quem? às delicadas cordas com seus balõezinhos nas extremidades, que outrora eram sentidas como
correntes, e que na verdade eram roldanas que contra a força da gravidade içavam para além o
peso que não
conseguia suportar?
Foi-se o tempo que compartilhavam suas
possibilidades e eram felizes, que a força de um tensionava a de outro e cada qual parecia equilibrar suas potencialidades. Mas eis que não existe mais, tudo já não é, e os supostos opressores, quando dispensados, alçaram vôos maiores, viram novas paisagens, alcançaram outras altitudes e atmosferas, frágeis desbravadores, ouvindo que não eram mais desejados, se jogaram ao ar. De lá enxergam a pedra que, girando em volta do próprio centro, parece aconchegar-se na maciez da areia.
…só que os balões
não ouviram os sons que a
pedra emitiu, e assim seguiram sua jornada, crendo que cada qual havia encontrado sua direção.
[existe beleza no luto, mas não há luto sem dor]
Cada um, a seu tempo, arcou com o
resultado de seus desejos.